LIVRO CCC_PRÉMIO INTERNACIONAL nos EUROPEAN DESIGN AWARDS

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O livro CCC foi premiado no âmbito dos European Design Awards (ED-Awards) de 2014 na categoria de catálogos de arte com um “Silver Award”.


Em 2012, realizou-se na Fábrica Asa, em Guimarães, a exposição COLLECTING COLLECTIONS AND CONCEPTS, UMA VIAGEM ICONOCLASTA POR COLEÇÕES DE COISAS EM FORMA DE ASSIM.  Posteriormente, desenvolveu-se ao longo de vários meses este livro que funciona como um elemento autónomo do projecto e não como uma mera ilustração da exposição prévia. O 
design gráfico do livro foi concebido em conjunto por Paulo Mendes, comissário do projecto, e pelo estúdio de design R2. 

 

CCC PROJETO LIVRO

Coordenação editorial
Paulo Mendes + Sandra Vieira Jürgens

Design livro
R2 + Paulo Mendes


Especificidades Técnicas
Catálogo no formato 32 x 24 cm com 636 páginas a cor e preto e branco. Versão bilingue _ Português /  Inglês

Editores
FCG _ Fundação Cidade de Guimarães + IN.TRANSIT editions

O livro do projeto CCC regista a exposição mas ultrapassa essa mera documentação de um evento temporário para se tornar num elemento autónomo deste projecto. Apresenta em mais de 600 páginas e 1000 imagens todo o processo expositivo, constituindo também ele uma abordagem à ideia expandida de colecção. Inclui um vasto conjunto de ensaios inéditos sobre esta temática e suas ramificações, mais técnicas ou mais biográficas, numa reflexão crítica sobre o tema. O coletivo de autores apresentados, aproximadamente vinte cinco, abrange diferentes áreas da criação, visual e escrita.


CCC BOOK PROJECT

Com a participação escrita de / with texts by _ >
André Lamas Leite _ Bárbara Coutinho _ Bartomeu Marí _ David Santos _ Emília Tavares _ Filipe Pinto _ Idalina Conde _ Inês Moreira _ João Pinharanda _ João Urbano _ Jorge Barreto Xavier _ Jorge dos Reis _ Júlia de Carvalho Hansen _ Leonor Sá _ Luís Serpa _ Manuel Borja-Villel _ Mariana Jacob Teixeira _ Mário Moura _ Pedro Moura _ Pedro Portugal _ Raquel Henriques da Silva _ Rossana Mendes Fonseca _ Rui Catalão _ Sandra Vieira Jürgens

Projetos Visuais originais para o livro / Special visual projects for the book _>

André Alves _ André Cepeda _ Ângelo Ferreira de Sousa Artur Moreira _ Barbara says… _ Fabrizio Matos _ Fernando Brízio _Franscisco Queirós _ Hugo Canoilas _ Hugo Soares _ Israel Pimenta _ João Gigante _ João Marçal Jorge dos Reis _ José Almeida Pereira _ Lara Torres _ Luís Alegre _ Mafalda Santos _ Pedro Bandeira Pedro Infante _ R2 _ Renato Ferrão _ Susana Gaudêncio

 

CCC _ EXHIBITION PROJECT

[Collecting Collections and Concepts, uma viagem iconoclasta por coleções de coisas em forma de assim]

Artistas convidados / Guest artists > 
André Alves (pt) / António Caramelo (pt) / António Rego (pt) / Arlindo Silva (pt) / Chen Chieh-Jen (tw) / Cristina Mateus (pt) / Eduardo Matos (pt) / Fernando Brízio (pt) / Fernando José Pereira (pt) / Harun Farocki (de) / Hugo Canoilas (pt) / Jack Strange (uk) / João Marçal (pt) / João Maria Gusmão + Pedro Paiva (pt) / João Tabarra (pt) / Luís Ribeiro (pt) / Luiza Baldan (br) / Mafalda Santos (pt) / Manuel Santos Maia (pt) / Miguel Leal (pt) / Miguel Palma (pt) / Nuno Ramalho (pt) / Nuno Sousa Vieira (pt) / Paulo Catrica (pt) / Pedro Cabral Santo (pt) / Pedro Infante (pt) / Pierre Candide (fr) / Rita Castro Neves (pt) / Rui Manuel Vieira (pt) / Vanessa Billy (uk)

e ainda obras selecionadas a partir das coleções de / and works selected from the collections >

Alexandre Estrela (pt) / André Gomes (pt) / António Júlio Duarte (pt) / António Olaio (pt) / António Sena da Silva (pt) / Bruce Nauman (usa) / Catarina Botelho (pt) / Carlos Afonso Dias (pt) / Cildo Meireles (br) / Christian Boltanski (fr) / Dennis Oppenheim (usa) / Didier Fiuza Faustino (fr) / Douglas Gordon (uk) / Eberhard Havekost (de) / Eduardo Gageiro (pt) /Eduardo Harrington Sena (pt) / Erwin Wurm (at) / Fernando Brito (pt) / Fernando Lanhas (pt) / Fernando Lemos (pt) / Gérard Castello-Lopes (pt) / Hans-Peter Feldmann (de) / Ian Wallace (uk) / Jac Leirner (br) / Joan Fontcuberta (es) / João Paulo Feliciano (pt) / João Pedro Vale (pt) / João Penalva (pt) / João Tabarra (pt) / John Baldessari (usa) / José de Guimarães (pt) / José Dias Coelho (pt) / Jorge Queiróz (pt) / Júlio Pomar (pt) / Lee Friedlander (usa) / Leonor Antunes (pt) / Louise Lawler (usa) / Manuel Alvess (pt) / Margarida Correia (pt) / Marina Abramovic (rs) / Miguel Palma (pt) / On Kawara (jp) / Pedro Cabrita Reis (pt) / Pedro Tudela (pt) / Peter Piller (de) / Raymond Hains (fr) / Richard Hamilton (uk) e Dieter Roth (de) / Rodney Graham (ca) / Ryan Gander (uk) / Sharon Lockhart (usa) / Stan Douglas (ca) / Stephen Shore (usa) / Richard Prince (usa) / Victor Palla (pt) / William Eggleston (usa)


Projetos Especiais _ inauguração / Special projects _ opening >

A kills B (pt) I Jonny Trunk (uk) I Maile Colbert (pt) I Marçal dos Campos (pt) I Miguel Lucas Mendes (pt)
+
Mariana Pestana (pt) com o projecto Copos de Coleção > copos desenhados por Filipe Alarcão I Tiago Almeida I Rita Botelho I Gonçalo Campos I Daniel Caramelo I Catarina Carreiras I Mafalda Fernandes I Manamana I Hugo Passos I The Home Project I Marco Sousa Santos I Paulo Sellmayer I Ricardo Vilas-Boas


Projetos Especiais _ espaço público / Special projects _ Public space >

P28 _ Contentores _ Carlito Carvalhosa (br)
Projetos Especiais _ edições / Special projects _ editions _>

Almanaque por Sebastião Rodrigues (pt), Acme Novelty Library por Chris Ware (usa), Old News por artistas internacionais convidados (dnk), Permanent Food, Charley e Toilet Paper por Maurizio Cattelan (it), Paulo de Cantos (pt), Point d’ironie (fr) por artistas internacionais convidados e ainda outras edições e múltiplos.


Obras de arte contemporânea das seguintes coleções / Works from contemporary art collections >

Coleções institucionais / Institutional collections > BesArt – Coleção Banco Espírito Santo, Coleção da Caixa Geral de Depósitos, Coleção de Arte Fundação EDP, Fundação de Serralves – Museu de Arte Contemporânea, MNAC – Museu do Chiado, Museu do Neo-Realismo


e ainda a colaboração dos seguinte museus / and also the collaboration of the following museums >

Museu de História Natural da U.P., Museu Nacional da Imprensa, Museu de Polícia Judiciária

LANÇAMENTO DO CATÁLOGO_“Densidade” de Miguel Palma e “Sometimes the best way to find something is to move away from it” de Pedro dos Reis

A inauguração das exposições “Densidade” de Miguel Palma e “Sometimes the best way to find something is to move away from it” de Pedro dos Reis está agendada para dia 26 de Novembro, pelas 18 horas, na Galeria de Arte Cinemática Solar, de Vila do Conde.

As duas exposições serão acompanhadas por um catálogo que mais não faz do que alargar o encontro com as obras em exposição e documentar cada projeto, com processos de diálogo que estimularam a conversa e a escrita em torno da experiência da arte, aqui numa rara conjunção de escultura, fotografia, e objetos cinemáticos.

Durante a inauguração será apresentado este catálogo da exposição que é coordenado por Sandra Vieira Jürgens, e integra textos da curadora e de Nuno Rodrigues, bem como uma conversa entre os dois artistas, Miguel Palma e Pedro dos Reis. O design do catálogo é da autoria do artista e designer Luís Alegre e as fotografias do fotógrafo Rui Pinheiro.

Editorial A&L 26

A&L 26_Convite lançamento


(Original: Sandra Vieira Jürgens, «Editorial», Artes & Leilões, nº 26, Maio/Junho 2010, p. 03.

 

Sabemos que as iniciativas, os projectos, as instituições da área da cultura necessitam de uma atitude construtiva constante por parte de todos os agentes que querem continuar a contribuir e a melhorar os diferentes campos da produção, da mediação e da recepção artística.

A nossa prioridade na A&L é essa. Através desta publicação pretendemos reforçar esta dinâmica, criando um espaço singular, com decisões e opções próprias, aceitando os desafios que a sociedade, na sua complexidade, nos coloca.

A A&L é certamente uma instância de mediação entre a produção artística e o público, destinada a ampliar a informação e a reflexão sobre arte e a sociedade contemporâneas. Não perdemos de vista a actualidade, mas os nossos objectivos essenciais são a construção de “tematizações” que nos ajudem a pensar e a interrogar a dimensão teórica e a praxis artística.

O discurso teórico e o pensamento sobre a arte ganham a cada dia novas expressões. Neste número da A&L quisemos apresentar colaborações específicas de Pedro Lapa, Tatiana Macedo, Rui Ribeiro, Pedro Gadanho, José Bártolo, que abordam as possíveis ou impossíveis caracterizações e definições da contemporaneidade. O que caracteriza o nosso presente? Essa foi a pergunta inicial.

Colocámos esta mesma questão a uma figura que admiramos pela capacidade intelectual, Manuel Borja-Villel, director do Museo Reina Sofia, que discorre com frontalidade sobre as novas opções e modelos de trabalho que a globalização nos coloca. Para além do tema desta edição, contamos com uma entrevista a Aline Pujo, presidente da Associação Internacional das Colecções Corporativas de Arte Contemporânea, uma conversa com Ben Janssens, presidente da TEFAF, e muito mais.

Continuar a ler: SVJ_Editorial_A&L26

Natxo Checa: 53. International Art Exhibition – La Biennale di Venezia

(Original: Sandra Vieira Jürgens, «Natxo Checa», Experiments and Observations on Different Kinds of Air. 53. International Art Exhibition – La Biennale di Venezia, DGArtes, Lisbon, 2009, p. lxi).


Natxo Checa is director of the Zé dos Bois Gallery (ZDB), an important independent venue located in Lisbon and dedicated to artistic creation, production and dissemination that is a landmark on the contemporary Portuguese cultural scene.

Carrying out the tasks of management, production, programming and curating from this platform, since 1994 he has led a movement in independent artistic production, with a crucial role in changing perspectives on the visual arts in Portugal. He is developing an original programming model which combines innovative proposals in the sphere of the visual and performance arts and music, and has contributed to implementing the drive to promote artistic offerings with a considerable impact in the national cultural milieu.

His curatorial activities include the presentation of projects by numerous national and international artists, with original works produced in the fields of public art, painting, design, sculpture, installation, photography, video and 16 mm film. These have grown out of a curatorial accompaniment undertaken from the initial period of research in close collaboration with the creators. Among the most recent exhibitions, the following stand out: Swim again / Nada de Novo, by Rigo (2006), co-curated with ManRay Hsu, G (2007), by João Tabarra; Transitioners (2007), by Société Réaliste; Portobello (2008), by Patrícia Almeida; and Ontem (2008), by André Cepeda.

As regards curating of visual art exhibitions held in ZBD, he has accompanied and produced, since 2001, a remarkable group of artistic projects by João Maria Gusmão and Pedro Paiva. DeParamnésia (2002), Eflúvio Magnético (2004/2006) and Abissologia (2007/2008) are the most ambitious projects in the exhibition trajectory of this pair of artists.

As a cultural agent, his activity has encompassed other initiatives, such as the direction of the Atlantic Festival in 1995, 1997 and 1999 and the facilitation of numerous interventions, collaborating with structures in the visual arts, multimedia, new music, dance and theatre. For research into curatorial studies, he was awarded the Fund for Art Research grant, in 2007-2008, by the American Center Foundation.

Currently he is organising a cycle dedicated to the North American Kenneth Anger, which will include a collective exhibition of visual arts of international scope and an anthological show of the producer, as well as a programme of lectures and performances. In respect of Zé dos Bois Gallery activities, he is preparing, for the second half of 2009, the year zero of an international centre for residencies and advanced training based in Lisbon, with the support of high-profile partner institutions.

Natxo Checa. Catálogo do Pavilhão de Portugal na Bienal de Veneza 2009


(Original: Sandra Vieira Jürgens, «Natxo Checa», Experiments and Observations on Different Kinds of Air. Catálogo da representação portuguesa na 53. International Art Exhibition – La Biennale di Venezia, DGArtes, Lisboa, 2009, p. lxi).


Natxo Checa é director da Galeria Zé dos Bois (ZDB), um importante espaço independente situado em Lisboa dedicado à criação, produção e difusão artística que constitui uma referência da cultura contemporânea portuguesa.

Exercendo as actividades de gestão, produção, programação e comissariado desta plataforma, impulsiona desde 1994 um movimento de produção artística independente com um papel determinante na mudança de perspectiva das artes visuais em Portugal. Desenvolve um modelo original de programação que conjuga propostas inovadoras no âmbito das artes visuais, performativas e da música que tem contribuído para a implementação de uma dinâmica potenciadora de oferta artística com grande impacto no meio cultural nacional.

A sua actuação na área da curadoria inclui a apresentação de projectos de múltiplos artistas nacionais e internacionais, com obras produzidas de raiz, na área da arte pública, da pintura, do desenho, da escultura, da instalação, da fotografia, do vídeo ou do filme em 16 mm que resultaram de um acompanhamento curatorial realizado desde o período de investigação em estreita colaboração com os criadores. De entre as mais recentes exposições destacam-se: Swim again / Nada de novo de Rigo (2006), em co-curadoria com ManRay Hsu; G (2007) de João Tabarra; Transitioners (2007) de Société Réaliste; Portobello (2008) de Patrícia Almeida; e Ontem (2008) de André Cepeda.

No âmbito da actividade curatorial de exposições de artes visuais realizadas na ZDB, tem acompanhado e produzido, desde 2001, um conjunto notável de projectos artísticos de João Maria Gusmão e Pedro Paiva. DeParamnésia (2002), Eflúvio Magnético (2004/2006) e Abissologia (2007/2008) são os projectos mais ambiciosos do percurso expositivo desta dupla de artistas.

Enquanto agente cultural, a sua actividade tem incluído outras iniciativas como a direcção do Festival Atlântico em 1995, 1997 e 1999 e a viabilização de numerosas intervenções, colaborando com estruturas nas áreas das artes visuais, do multimédia, das novas músicas, da dança e do teatro. No âmbito da pesquisa desenvolvida nos estudos curatoriais foi-lhe concedida a bolsa Fund for Art Research, em 2007/08, pelo American Center Fundation.

Actualmente está a organizar um ciclo dedicado ao norte-americano Kenneth Anger, que incluirá uma exposição colectiva de artes visuais de âmbito internacional e uma mostra antológica do realizador, além de um programa de palestras e performances. No âmbito das actividades da Galeria Zé dos Bois, prepara para o segundo semestre de 2009 o ano zero de um centro de residências de âmbito internacional de formação avançada sediado em Lisboa, com o apoio de parceiros institucionais de relevo.

João Maria Gusmão e Pedro Paiva. Representantes de Portugal na Bienal de Veneza 2009

João Maria Gusmão e Pedro Paiva, Olho Ciclópico, 2008. Filme 16 mm, cores, sem som, 2’45’’.

(Sandra Vieira Jürgens, «João Maria Gusmão + Pedro Paiva», Experiments and Observations on Different Kinds of Air. Catálogo da representação portuguesa na 53. International Art Exhibition – La Biennale di Venezia, DGArtes, Lisboa, 2009, p. lvii).


João Maria Gusmão (Lisboa, 1979) e Pedro Paiva (Lisboa, 1977) frequentaram conjuntamente o curso de Pintura da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e começaram a expor os trabalhos realizados em parceria em 2001, numa exposição colectiva intitulada InMemory, na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa. Desde então que a sua produção artística está ligada a esta instituição. Nos três anos seguintes o percurso expositivo da dupla esteve marcado pela exibição de projectos como DeParamnésia (partes 1, 2 e 3, em 2002), Air Liquide (2002), O Ouro dos Idiotas (2003), Matéria Imparticulada (2004) e Eflúvio Magnético: O Nome do Fenómeno (2004). Em 2005 os dois artistas venceram a 5ª edição do Prémio Novos Artistas, instituído pela EDP, e exibiram um conjunto de trabalhos intitulado Intrusão: The Red Square no Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea. No ano seguinte apresentaram Eflúvio Magnético (2ª Parte) na Galeria Zé dos Bois e Eflúvio Magnético (Síntese) no Teatro Municipal da Guarda. Em 2007 é organizada a primeira mostra individual do seu trabalho no estrangeiro, com a exposição Crevasse, no Museu de Arte Contemporáneo de Castilla y León (Espanha), seguida de várias outras individuais em 2008, como Horizonte de Acontecimientos no espaço Matadero Madrid (Espanha), Hydraulics of Solids na Adam Art Gallery at Victoria University of Wellington (Nova Zelândia) e Passengers: 1.7 na CCA Wattis Institute for Contemporary Arts, São Francisco (Estados Unidos). Nesse ano exibiram ainda Meteorítica na Galeria Graça Brandão em Lisboa e na Galeria Fortes Vilaça em São Paulo (Brasil), Abissologia na Cordoaria Nacional / Galeria Zé dos Bois e Articulações nas Minas de Salgema em Loulé. Em 2009 apresentaram About  The Presence of Things no Kunstverein Hannover (Alemanha). O seu trabalho foi mostrado em múltiplas exposições colectivas desde 2001, salientando-se a presença, em 2006, na 27ª Bienal de São Paulo (Brasil), em 2007 na Trienal de Luanda (Angola), na 6ª Bienal de Mercosul, Porto Alegre (Brasil), no Prémio União Latina, Culturgest (Lisboa) e, em 2008, na Manifesta 7 – European Biennial of Contemporary Art, Rovereto (Itália) e nas exposições Part of the Process 3, Galleria Zero, Milão (Itália) e O Presente: Uma Dimensão Infinita, Museu Colecção Berardo, Lisboa.

Gusmão e Paiva desenvolvem os seus projectos artísticos no campo da fotografia e do filme de 16 mm e no domínio da instalação, com a apresentação de projecções de vídeos e de diapositivos. Nestas áreas de actuação constroem situações e narrativas que tomam a forma de pequenas ficções, onde exploram a fusão entre a arte e a ciência. A sua obra é em parte dominada por temas onde o âmbito de investigação experimental, a técnica, a invenção, o processo de descoberta ou o factor de risco surgem retratados de uma forma muito característica. Filmam e tiram fotografias em espaços naturais, em paisagens de montanha e em locais longínquos, distanciando-se dos cenários dos modernos laboratórios onde os processos experimentais e a exploração do mundo hoje acontecem. Os materiais que utilizam são simples, a tecnologia é tratada sem meios sofisticados e os efeitos e fenómenos que transpõe para o meio artístico são concretizados de modo bizarro e misterioso, sem que diminua em nada a impressão produzida. Os seus trabalhos são desconcertantes, promovem uma incerteza relativamente à autenticidade do que foi visto e comportam, além disso, uma outra nota de ironia e de absurdo que são também traços característicos da sua obra conjunta.

Um aspecto fundamental da sua intervenção relaciona-se também com a produção escrita que acompanha o trabalho artístico dos dois autores. Nesse sentido deverá mencionar-se a reflexão teórica que desenvolvem em torno dos assuntos que pretendem abordar e as aproximações que fazem ao campo da literatura e a vários domínios da filosofia, da estética e da física. Usam material literário, como é indicado num dos seus projectos mais importantes e ainda em curso, Eflúvio Magnético, onde se baseiam na obra O Homem que Ri de Victor Hugo. Na maior parte da sua pesquisa conferem um papel preponderante a questões que nos remetem para o pensamento de autores como Bergson, Nietzsche e Heidegger. Também Alfred Jarry, autor da “patafísica”, definida como “a ciência das soluções imaginárias”, constitui referência entre os interesses omnipresentes na obra de João Maria Gusmão e Pedro Paiva: a experimentação, a relação entre a ciência, a ficção e a poética.

PEDRO AMARAL: Bad Boy Painting Comics

Pedro Amaral, Andy Warhol, 2007.

(Original: Sandra Vieira Jürgens, «Pedro Amaral: BAD BOY PAINTING COMICS», Galeria Quadrado Azul, Porto, 2007).


A pintura é a forma de intervenção de Pedro Amaral. Nas suas poderosas montagens, tão apelativas como politicamente comprometidas, o artista segue a tradição da prática de apropriação de materiais visuais, compondo fragmentos seleccionados a partir de variadas fontes. Os seus trabalhos combinam cenas figurativas retiradas de contextos como a banda desenhada, a publicidade, livros, revistas e enciclopédias ilustradas.

Com frequência, coloca lado-a-lado elementos de regiões e culturas diferentes, desde a americana, chinesa, indiana, passando pela “russo-soviética”, até à japonesa. É o caso da série de três telas “Indoor/Outdoor” (2001/2005) em que se reproduzem, por exemplo, cartazes de filmes da indústria americana, como James Bond, e de películas comerciais indianas “Made in Bollywood”, bem como imagens de danças havaianas ilustradas nas máquinas de flippers, e vinhetas da banda desenhada japonesa Manga, entre outros. Também, no tríptico composto por “Wrestling Palace”; “Sushi Bar/Karaoke Device”, “Love Hotel”, alude à sociedade japonesa e aos estereótipos que formámos dessa cultura. Nela, Pedro Amaral retrata a noite na grande metrópole que é Tóquio, apresentando formas de entretenimento, conjugando hábitos tradicionais (como as geishas e o popular combate de luta Sumo) e modernos.

Para além de os fragmentos utilizados preencherem a totalidade da tela, em termos espaciais, eles também atravessam diferentes períodos da história. Assim, várias parcelas da civilização remetem-nos para a questão da passagem do tempo, como se pode ver em trabalhos como “Beyond Planet Earth” (2006). Aqui, o espectador é conduzido ao longo de uma série de perspectivas sobre o percurso da humanidade, incluindo a aventura espacial, actividades produtivas reproduzindo um esquimó a pescar, um índio a caçar e cenas do quotidiano agrícola africano, americano e canadiano.

Embora estas fontes icónicas tenham frequentemente linguagens figurativas diferentes — o desenho pode ser quer realista quer estilizado, quer monocromático quer policromático —, Pedro Amaral associa-as, com aparente facilidade, de modo a formar uma homogénea construção de significados. A intenção irónica e crítica, constante nos seus trabalhos, consegue-se precisamente através do modo como realiza a montagem dos múltiplos fragmentos da iconografia da sociedade moderna e antiga.

Amaral tanto dispõe as imagens como se de vinhetas de banda desenhada se tratassem como justapõe ou sobrepõe os desenhos nas suas composições para criar uma visão panorâmica sobre determinados temas.

Na realidade, o seu percurso iniciou-se com a ilustração nos anos 80, o que veio a marcar o carácter crítico inerente ao conjunto da sua obra. E para além dos autores da ilustração que o influenciaram (Jack Kirby, Chester Gould, Jije, Hergé e ainda Robert Crumb e Charles Burns), interessou-se, desde cedo, pelos artistas da Pop Art.

Reconhecida pelo poder das imagens e pelo seu carácter sedutor, a arte Pop é uma base de trabalho para Pedro Amaral que nela procura a ambivalência do seu discurso. O artista combina o prazer visual, a crítica e subversão presentes nesta estética, sem descurar a difusão demasiado comercial e totalizadora também características da Pop. Explora, assim, as contradições do movimento, ao acentuar a tensão entre o cariz apelativo, sedutor e comercial da sua imagem e a provocação implícita no tratamento de alguns temas, como a relação entre a cultura e o comércio. À semelhança do que alguns artistas Pop fizeram, Pedro Amaral apropria-se de imagens, ilustrações, elementos gráficos já existentes para formar novas leituras. Em alguns das suas telas, com a ajuda de retroprojectores, redesenha motivos centrais ou simplesmente detalhes da produção de autores como Roy Lichtenstein, Richard Hamilton, Erró e Robert Indiana. Exemplo desta rede de apropriações é a sua obra “Templo de Song Lai” que, na parte superior, apresenta uma imagem de um trabalho que o próprio Erró já tinha “adoptado”.

Continuar a ler em: SVJ_Pedro Amaral_Quadrado Azul

JOÃO FONTE SANTA: Aprendiz Preguiçoso


(Original: Sandra Vieira Jürgens, «A questão da singularidade», João Fonte Santa: O Aprendiz Preguiçoso, Centro de Artes, Festival Sonda, 2007).


A exposição de João Fonte Santa intitulada “Aprendiz Preguiçoso” reúne um conjunto de trabalhos da produção artística do autor, numa iniciativa que constitui uma visão retrospectiva sobre registos que definiram um percurso e foram marcantes. Facto interessante, é que não sendo exaustiva em relação à quantidade de trabalhos expostos, nem por isso ficaram restringidas as possibilidades de conhecer um certo número de princípios que norteiam o seu exercício pictórico. Mais, na medida em que expõe um núcleo de obras de pendor autobiográfico, estas revelam uma zona reservada, a sua história particular, o seu modo próprio de estar, entender e fazer arte. O título desta exposição é bastante evocativo, na medida em que faz apelo a um percurso criativo e de aprendizagem que o próprio artista vem construindo com liberdade, independência e autonomia; sobretudo à medida do seu tempo, e dando espaço de existência a cada circunstância, cada experiência pessoal vivida em estreito contacto com o mundo envolvente.

Formado em pintura, João Fonte Santa desenvolveu ao longo dos anos 80 e 90 um percurso associado à realização e publicação de trabalhos gráficos, ilustrações e banda desenhada em diferentes projectos editoriais. Essas influências são uma das marcas comummente assinaladas em relação às influências formais, estilísticas e iconográficas do seu trabalho, mas não resumem uma via de investigação artística marcada pelo contínuo estabelecimento de correspondências em relação a muitos outros âmbitos e territórios do espaço cultural.

Com efeito, outras áreas da arte se vão inscrevendo no seu campo de actuação: Fonte Santa integra e desenvolve relações de associação e apropriação muito produtivas com a literatura, o cinema e a música, que atravessam a sua obra. Da sua vasta produção artística fazem parte trabalhos onde questiona as determinações morais e as normas de aceitação social a partir da cristalização de referências de autores “malditos” (caso de William S. Burroughs), da envolvência underground e da referência à cultura punk, e trabalhos de dimensão política, nos quais tece abordagens a situações da realidade social, cultural e histórica, assinalando operações e princípios que regulam o curso da sociedade humana. “Guggenheim Starship” (2002), “Destruição De Luxe” (2003) e “Como ser um milionário” (2005) são alguns dos trabalhos em que a referência à globalização económica, às potências globais, à estratégia e domínio militar e à sua tecnologia são questões em destaque.

Mas como referimos, com esta exposição João Fonte Santa mostra-nos uma série de trabalhos em que a expressão autobiográfica ganha relevo. Trata-se de um grupo de pinturas que nos remetem directamente para momentos da sua história pessoal.

Nesses trabalhos exibem-se memórias individuais, que possibilitam um itinerário documental sobre situações reveladoras de uma determinada experiência de percepção do tempo, do contexto e da realidade cultural de um ciclo de vida. Nelas observamos um arquivo de imagens de grande formato que retratam as casas habitadas pelo artista, reuniões de amigos e episódios vários. O que assinalam concisamente tem a efemeridade das anotações fugazes que devem posteriormente servir à memória:

Travessa do Alcaide, 1998: “Vou sair da Travessa do Alcaide. Aproveitando a casa ficar vazia, resolvi fazer uma festa-venda de Natal”

Janeiro de 99, Travessa das Almas: “Desde que se acabou o gás no aquecedor que está cada vez mais frio. Salvam-nos os jantares com os colegas da Teresa”.

Apresentando-se como fragmentos de histórias pessoais, o que é que constitui efectivamente esta série de trabalhos de João Fonte Santa?   (…)

Continuar a ler em: SVJ_Fonte Santa_Aprendiz Preguiçoso

SALÃO OLÍMPICO_Estudo de Caso


(Original: Sandra Vieira Jürgens, «Salão Olímpico» in Salão Olímpico 2003/2006, Fundação de Serralves/Centro Cultural Vila Flor, 2006, pp. 63-79).

 

O n.º 257 da Rua Miguel Bombarda, no Porto, tornou-se o centro de um projecto alternativo dedicado às artes plásticas, que funcionou ao longo de dois anos, de 2003 a 2005, no salão de bilhares da cave do Café Salão Olímpico. A ideia para este projecto partiu de um grupo de cinco pessoas – Carla Filipe, Eduardo Matos, Isabel Ribeiro, Renato Ferrão e Rui Ribeiro (maioritariamente artistas oriundos da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto) – que teve o objectivo de realizar exposições periódicas de artes visuais e outros eventos, como mostras de vídeo e performances. Sendo o objectivo deste artigo analisar as características deste projecto e as ideias que estiveram na base da realização do Salão Olímpico, começaria por destacar as intenções que foram expressas no primeiro texto de apresentação do projecto. (…)

Continuar a ler: SALAOOLIMPICO_SERRALVES

Pedro Gomes: Intervenção no Museu Nacional de Arte Antiga

(Original: Sandra Vieira Jürgens, «A posse do objecto raro». In: Ter, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, 2005, pp. 45-48 [Catálogo]).

Pedro Gomes faz do desenho o meio preferencial para desenvolver uma linha de trabalho assente nos paradigmas de representação visual e no estatuto codificado da imagem. Em trabalhos como os da série Habitat, usando a esferográfica e um registo de enovelados, recriou paisagens urbanas a partir de ampliações fotográficas. O processo de realização manual consistia em abstrair, reduzir e estilizar os contornos e as formas do visível para exercer desse modo a passagem da imagem da realidade ao símbolo. O resultado vinha intensificar a condição anónima e indiferenciada daquelas paisagens, e pelo recurso à sobreposição de diferentes manchas de cor e à ideia de negativo, modos de fabrico empregados na reproductibilidade mecânica, Pedro Gomes evidenciava a sua condição de imagem reproduzida.

Noutras séries, em Paraíso ou Piscinas e Montanhas, ele apresentava paisagens e ambientes desejados pelo homem contemporâneo, dando ênfase à sua representação esquemática, aos códigos simbólicos da cultura visual. Nesses trabalhos os pormenores do real concreto perdiam-se pela simplificação das formas físicas da realidade e das paisagens representadas, num tratamento que evidenciava a sua qualidade de cenários estereotipados e ironizava sobre o valor simbólico das imagens e a tendência para a sublimação idealizadora.
Seguindo os princípios de representação de anteriores trabalhos, nas obras que integravam o Projecto Calçada da Ajuda, intervenção que ocorreu num espaço familiar desabitado, Pedro Gomes mostrava desenhos murais realizados com pó e desperdícios, que colocavam o visitante perante imagens de linhas e manchas definindo num tratamento simplificado uma figura masculina no acto da masturbação. Neles conservava-se o registo estilizado já antes praticado, mas ao contrário da equivalência universal dominante nas paisagens e montanhas, demarcava-se um espaço de intimidade, privado, correspondente à expressão da identidade singular e do prazer na sua solitária singularidade.

Nos últimos trabalhos que vem desenvolvendo, Pedro Gomes centra a sua visão e reflexão no acto de coleccionar e na condição contemporânea dos objectos antigos, trabalhando a partir da apropriação da imagem de objectos e peças com alto valor simbólico: trata-se de objectos de arte decorativa a que culturalmente atribuímos o estatuto de excepção e transcendência em virtude da historicidade, da raridade, do exotismo e da sua beleza. São objectos raros de colecção, objectos puros, cuja história exige lembrança, cuidados de preservação, respeito e um lugar na memória. O facto de o objecto ter tido um proprietário célebre confere-lhe um valor acrescido. (…)

Continuar a ler: SVJ_Pedro Gomes_MNAA_2005

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